Irrigação por Gotejamento:
A irrigação localizada é um método que permite irrigar com baixo volume
a alta frequência. A água é aplicada diretamente nas raízes das
plantas, permitindo total automação do sistema. É o método mais efi –
ciente na aplicação de água, porém, por ser um sistema mais sofi sticado,
exige alguns cuidados de implantação, como: análise de água; um
bom levantamento topográfi co e desenho de engenharia; um sistema
bem dimensionado de fi ltragens; e uma instalação criteriosa.
Poder escolher o sistema mais apropriado para a realidade de cada
produtor é de fundamental importância, tanto do ponto de vista econômico
como ambiental.
O objetivo desta cartilha é apresentar os tipos de irrigação localizada
existentes no mercado e equipamentos utilizados, bem como ensinar,
de forma prática e objetiva, como fazer uma avaliação básica do sistema,
identifi cando problemas e realizando as manutenções necessárias
para o seu funcionamento.
É o método de irrigação em que se aplica água diretamente nas raízes,
em baixa pressão e vazão, com alta frequência. São sistemas fixos,
pressurizados, que permitem total automação, e por isso, ainda que
sejam energeticamente mais econômicos, seu custo de implantação
é mais elevado, quando comparado a outros métodos.
Os dois principais sistemas de irrigação localizada são o gotejamento
e a microaspersão.
A água utilizada nesse tipo de irrigação requer um sistema de fi ltros
para evitar entupimentos dos emissores.
Um sistema de irrigação localizada é constituído, basicamente, de:
• Sistema de captação ou bombeamento;
• Medidor de vazão;
• Tubulação de recalque ou linha principal;
• Cabeçal de controle;
» Sistema de fi ltragem
» Sistema de injeção de fertilizantes
• Medidores de pressão (manômetros);
• Válvulas e registros;
• Tubulação de distribuição;
• Linha lateral com emissores; e
• Emissores (gotejadores ou microaspersores).
Componentes do sistema:
• Sistema de captação ou bombeamento: como os sistemas de
irrigação localizada são pressurizados, o conjunto de bombeamento
é necessário na maioria das vezes, sendo responsável
pela sucção e pelo recalque da água utilizada na irrigação. O sistema
de bombeamento para irrigação localizada não difere dos
que são utilizados nos demais sistemas pressurizados.
• Medidor de vazão: deve ser instalado, pelo menos, na tubulação
de recalque. Monitora a vazão de todo o sistema, registrando os
m³/hora de água que passam por ele. Se instalado próximo a
registros, válvulas, conexões tipo ‘T’ ou curvas, apresentará erros
de leitura. O aumento de vazão e a perda de pressão ao longo do
tempo podem indicar entupimento do sistema.
Cabeçal de controle: é a área onde ocorre o processo de filtragem
da água e a injeção de produtos químicos no sistema (fertirrigação).
É composto por válvula de retenção, manômetros,
filtros (disco, tela e/ou areia), injetores de produtos químicos,
tanque de mistura e registros.
Tubulações: o material das tubulações da linha de recalque e de
distribuição é, em geral, de PVC. Já as linhas laterais são de polietileno
(PE). Em caso de irrigação por gotejamento, as linhas laterais (tubos
gotejadores) podem ser de paredes mais grossas ou mais finas.
Obervação:
espessura da tubulação de polietileno que compõe as linhas
laterais de um sistema de irrigação por gotejamento varia
dependendo da longevidade e das características de cada projeto.
Um tubo com parede mais espessa é recomendado para culturas
que vão ficar mais tempo no campo (culturas perenes), tendo
maior resistência a danos físicos e a variações de pressão do
sistema. Já os tubos de parede mais fina são recomendados para
utilização em apenas uma safra, já que possuem custo menor de
substituição. Os de parede média são intermediários no quesito
custo e longevidade.
Medidor de pressão (manômetro): é um componente essencial
para manutenção e aferição de todo sistema de irrigação. No
caso da irrigação localizada, a diferença de pressão pode ajudar
a detectar entupimentos, vazamentos, momento de manutenção
dos filtros, entre outros. É importante medir a pressão em
diversos pontos ao longo do sistema: no início (antes e depois
do filtro), no início de cada setor, na entrada e no final das linhas
laterais e em emissores pré-selecionados.
Atenção:
Existem manômetros fixos e manômetros de agulha. Os que
possuem uma espécie de agulha na extremidade são utilizados
para medir a pressão em diferentes pontos do sistema com o
mesmo equipamento. Para isso, é preciso instalar conectores em
cada ponto selecionado.
Válvulas e registros: controlam o fluxo e a distribuição de água
em vários pontos do sistema. Na irrigação localizada são encontrados
os seguintes equipamentos:
Registro de esfera.
Válvula borboleta.
Registro de gaveta.
Válvulas hidráulicas.
Válvula de alívio da pressão.
Válvula de ar (ventosa).
Emissores: são os dispositivos que aplicam água. Os emissores
utilizados no sistema de irrigação localizada dividem-se em:
»» Gotejadores: podem ser instalados sobre a linha lateral ou dentro
da linha, os chamados tubos gotejadores. Os gotejadores
aplicam água com pequenas vazões, entre 0,5 L/h a 10,0 L/h.
Gotejadores de vazão ajustável: são comercializados separadamente
da tubulação. Podem ser encaixados em mangueiras
de diferentes diâmetros. Aplicam vazões de 0 a 40 L/h. O
controle da vazão é feito ao girar a cabeça do emissor até alcançar
a vazão desejada.
Gotejadores autocompensantes: são dotados de um
mecanismo que mantém a vazão constante, mesmo com variações
de pressão ao longo da linha lateral, dentro dos limites de
pressão de serviço do gotejador.
»» Microaspersores: são pequenos aspersores conectados à tubulação
por meio de um microtubo. Aplicam vazões entre 20 L/h e
250 L/h e chegam a molhar até 10 m de diâmetro.
Atenção:
Existem diversos fabricantes e uma infinidade de modelos de
gotejadores e microaspersores. As vazões e pressões de serviço
variam de acordo com o modelo do emissor e são informadas
pelo fabricante, cabendo ao projetista definir qual modelo usar,
levando em conta as características do solo, a cultura a ser
irrigada, a topografia e o custo.
Sistema de irrigação localizada
por microaspersão:
Em geral, a irrigação localizada por microaspersão requer filtragem
menos rigorosa que aquela necessária ao gotejamento, visto que o
emissor utilizado é o microaspersor, que apresenta maiores orifícios
para a passagem da água. No entanto, é comum observar elevado
desgaste nos bocais, em caso de falta de manutenção do sistema e
baixa qualidade da água de irrigação.
Esse sistema é bastante apropriado para a irrigação de pomares e de
culturas com espaçamento mais largo.
Atenção:
A microaspersão pode sofrer influência do vento, que causa
problemas na uniformidade de aplicação de água, assim como
nos sistemas por aspersão convencional. Portanto, sempre que
possível, observe as condições do vento na hora de irrigar.
Sistema de irrigação localizada
por gotejamento:
Neste sistema, a água é aplicada a baixas vazões de forma pontual
e na superfície do solo. Os emissores utilizados são os gotejadores,
instalados junto às plantas, de forma que apliquem a lâmina necessária
à cultura e proporcionem umedecimento mínimo do volume
no solo na zona das raízes. Para isso, caso necessário, cada planta
pode receber mais de um gotejador. O gotejamento se expandiu em
cultivos de hortaliças, principalmente em espécies que não toleram
o molhamento das folhas, do tronco e dos frutos.
Sistema de irrigação localizada
por gotejamento subsuperficial:
É uma variação do sistema por gotejamento convencional.
O diferencial é que toda a rede é enterrada. A principal razão para se
optar por esse tipo de sistema é a ideia de maior economia de água
por apresentar menor perda por evaporação da água na superfície
do solo.
Deve ter um projeto bem elaborado e com manutenção adequada.
A profundidade em que são enterradas as linhas laterais deve permitir
o tráfego de máquinas sem danificar o sistema; ao mesmo tempo,
É uma variação do sistema por gotejamento convencional.
O diferencial é que toda a rede é enterrada. A principal razão para se
optar por esse tipo de sistema é a ideia de maior economia de água
por apresentar menor perda por evaporação da água na superfície
do solo.
Deve ter um projeto bem elaborado e com manutenção adequada.
A profundidade em que são enterradas as linhas laterais deve permitir
o tráfego de máquinas sem danificar o sistema; ao mesmo tempo,
deve proporcionar umidade suficiente para as culturas anuais e hortaliças.
É preciso criar uma rotina de manutenção e, principalmente, de lavagem
do sistema, pois é mais difícil detectar o entupimento dos emissores
e manter a uniformidade na irrigação.
Este tipo de irrigação tem sido bastante difundido nas áreas de plantio
de cana-de-açúcar.
Parâmetros para adotar a irrigação localizada:
A irrigação localizada vai além de ser uma técnica para suprir a água
das culturas. Ela deve ser considerada parte integrante de um conjunto
de técnicas agrícolas adotadas no cultivo sob condições monitoradas
de umidade do solo, adubação, salinidade, controle de doenças,
entre outros aspectos.
É importante ter alguns conhecimentos prévios que podem orientar
na elaboração do projeto e, posteriormente, no manejo adequado
da irrigação.
Fatores que devem ser analisados antes de optar pelo método de irrigação localizada:
Água
» É importante saber o quanto de água o produtor tem disponível
para projetos de irrigação. Em situações de baixa disponibilidade
de água, o sistema de gotejamento é a solução mais viável;
» É recomendado fazer uma análise da água a ser utilizada na irrigação
para defi nir o sistema de fi ltragem, verifi car a necessidade
de adoção de outras técnicas de tratamento da água e, também,
avaliar o risco de salinização do solo;
» É recomendada a utilização de tanques de aeração e decantação
sempre que se for trabalhar com sistemas de irrigação localizada,
independentemente do sistema de fi ltragem, especialmente
nos casos em que a água apresenta teores elevados de ferro (Fe);
Água com resíduos sólidos pode inviabilizar o sistema, sendo recomendável
a construção de reservatórios de decantação antes
da instalação do sistema de fi ltragem;
» Água com alta concentração de carbonato de cálcio pode
provocar precipitação dentro das tubulações e, consequentemente,
entupimento dos emissores; e
» Água residual de esgoto pode conter agentes biológicos que
favorecem o crescimento de lodo e algas nas tubulações,
provocando entupimento.
Atenção:
Os emissores utilizados na irrigação localizada são extremamente
sensíveis ao entupimento. Por isso, é fundamental que seja
instalado um sistema de fi ltragem bem dimensionado conforme a
qualidade da água.
Cultura
» Em geral, o sistema de irrigação localizada é adaptável a todas
as culturas, desde fruteiras e hortaliças até os cultivos de larga
escala, como grãos. Deve-se levar em conta as práticas e os
manejos de cada agricultor;
» É preciso saber se a cultura é tolerante ao molhamento do
tronco e das folhas ou se é propensa ao desenvolvimento de
doenças em ambiente úmido;
» Atualmente, existem projetos de gotejamento em praticamente
todas as culturas, como milho, soja, café, arroz, hortaliças e
frutíferas em geral; e
» A microaspersão é indicada para as culturas que utilizam espaçamento
largo, mas que necessitam de grande volume de
irrigação.
Atenção:
Não existe regra fixa para se determinar o melhor sistema de
irrigação. O que determina isso é a necessidade e a capacidade do
produtor.
Para auxiliar na tomada de decisão, consulte um técnico
habilitado.
• Solos
» A irrigação localizada é recomendada para qualquer tipo de
solo, desde os arenosos – com baixa capacidade de retenção
de água – até os muito argilosos – com baixa velocidade de
infiltração de água; e
» O fundamental é conhecer bem as características físicas
do solo e ajustar o projeto e o manejo de acordo com elas.
• Topografia
» A irrigação localizada é o tipo de sistema que mais se adapta
às mais variadas topografias, podendo ser implantado em
áreas com até 60% de declividade. Além disso, sua configuração
permite que o sistema se ajuste a terrenos irregulares e
com obstruções, como rochas e árvores;
» Para áreas com relevos acentuados, é recomendado trabalhar
com emissores autocompensantes, tanto gotejadores quanto
microaspersores, e utilizar válvulas reguladores de pressão,
de ar e de alívio para manter o equilíbrio da pressão do
sistema; e
» É fundamental fazer o levantamento planialtimétrico da área
a ser irrigada.
• Investimento
»» O custo de investimento varia de acordo com o grau de automação
do projeto. Quanto maior a sofisticação e automação
do sistema, maior será o custo de implantação e menor o desperdício
de água e o custo com energia;
»» O sistema de filtragem representa, aproximadamente, 10%
do custo de um projeto de irrigação;
»» É mais barato implementar microaspersão em culturas de
espaçamento largo do que gotejamento; e
»» É necessário fazer um balanço entre os custos de investimento
e os custos de operação. Economizar no investimento pode
elevar os custos com mão de obra.
• Mão de obra
A maior vantagem dos sistemas de irrigação localizada, principalmente
nos mais tecnológicos, é a redução da mão de obra:
»» A frequência de manutenção nesse tipo de irrigação depende
exclusivamente da qualidade da água utilizada;
»» A manutenção preventiva não apresenta complexidade de
execução. As inspeções podem ser realizadas após determinados
tratos culturais e as avarias em gotejadores podem ser
reparadas de maneira bem simples;
»» A mão de obra para trabalhar com sistemas de irrigação localizada
precisa ser qualificada e regularmente capacitada, devido
às constantes inovações tecnológicas desse setor; e
»» Trabalhadores devem ser treinados para evitar danos ao sistema,
como corte das mangueiras e avarias nas tubulações
enterradas e nas válvulas.
Atenção:
Os cuidados devem ser redobrados durante os tratos culturais e
na colheita.
Aspectos de qualidade da água
para a irrigação localizada:
Em se tratando de irrigação localizada, além dos aspectos relacionados
ao risco de salinidade e toxicidade – primordiais na avaliação
da qualidade da água para todos os sistemas –, devem ser avaliados
aqueles que permitam prever o risco potencial de obstruções em
emissores.
As causas de entupimento de emissores estão reunidas em três grupos
principais, conforme sua natureza: física, química e biológica.
Classificação da água para fins de irrigação
localizada, que visa fornecer orientações para a avaliação do risco de
entupimento de emissores.
Risco de problemas de obstrução em sistemas de irrigação localizada, em decorrência da qualidade da
água de irrigação.
Tipo de problema Nenhum Moderado Severo
Físico
Sólidos em suspensão (mg/L) <50 50 a 100 >100
Químico Nenhum Moderado Severo
pH <7,0 7,0 a 8,0 >8,0
Sólidos dissolvidos totais
(SDT)(mg/L) <500 500 a 2.000 >2.000
Manganês (mg/L) <0,1 0,1 a 1,5 >1,5
Ácido sulfídrico (mg/L) <0,2 0,2 a 2,0 >2,0
Biológico Nenhum Moderado Severo
População bacteriana
(nº máximo/ml) <10.000 10.000 a 50.000 >50.000
Características do solo essenciais para a irrigação localizada:
O solo funciona como um reservatório de água para as plantas por
ser capaz de reter a água entre as suas partículas.
É importante conhecer os conceitos básicos para o entendimento da
dinâmica da água no solo.
Textura do solo
A textura do solo, ou granulometria, é a porcentagem ou proporção
das partículas do solo: areia, silte (limo) e argila, ou seja, o quanto se
tem de areia, silte e argila em uma amostra de solo.
É uma característica que não muda ao longo do tempo. Portanto, a
análise da textura do solo só precisa ser feita uma vez.
Estrutura do solo
Estrutura do solo é a característica física que expressa o arranjo das
partículas do solo e dos vazios ou o espaço dos poros para infiltração
de água e gases. É uma característica qualitativa e, diferente da textura,
pode mudar o tempo todo.
A estrutura do solo pode ser alterada por compactação, revolvimento
e cobertura, entre outros fatores.
Atenção:
Solos com a mesma textura podem apresentar estruturas
diferentes. Por exemplo: um solo com cobertura vegetal terá
uma melhor estrutura do que um solo com intenso trânsito de
máquinas agrícolas.
O solo mais bem estruturado permite uma maior taxa de
infiltração da água, maior troca de gases e movimento da água.
O solo desestruturado apresenta compactação, dificuldade de
infiltração da água e baixo desenvolvimento das raízes.
Capacidade de retenção de água do solo:
Cada tipo de solo apresenta uma capacidade de armazenar água. Em
geral, solos mais argilosos têm uma maior capacidade de reter água
do que solos arenosos.
De uma maneira geral, é classificado o solo conforme sua capacidade
de retenção de água.
Classes de solo conforme a capacidade de retenção de água:
Arenoso
Baixa Retenção de água: menos de 5%
de água disponível, Características: Mais de 60% de areia, Menos de 15% de argila.
Textura média:
Média Retenção de água: de 5% a 15% de água disponível, Características: Teores de argila entre 15% e 35%.
Argiloso
Retenção de água Alta: mais de 15% de água disponível, Características Teores de argila maiores
do que 35%.
Atenção:
A automação da irrigação localizada permite que esse método
se adapte a solos com qualquer capacidade de retenção de água,
bastando adequar o manejo e a frequência de aplicação da
lâmina d’água. Exemplo:
• Em solos arenosos e com baixa capacidade de retenção de água, o
manejo recomendado é trabalhar com alta frequência de irrigação,
ou seja, fazer curtas irrigações várias vezes ao dia; e
• Em solos argilosos e com alta capacidade de retenção de água,
é necessária uma única irrigação noturna (para aproveitar
as tarifas energéticas mais econômicas). Solos com essa
característica garantem que, durante o dia (período de maior
consumo hídrico), as plantas recebam a água que ficou
armazenada no solo durante a noite.
Valores de porosidade, densidade, capacidade
de campo (CC) e disponibilidade de água no solo (DTA)
para diferentes texturas:
Quando se irriga sem conhecer a capacidade de retenção de água do
solo, pode-se estar cometendo dois erros principais:
• Aplicar mais água do que o solo é capaz de armazenar.
Com isso, a água é perdida por percolação profunda, ou seja, se
perde abaixo da profundidade da raiz. O ideal é irrigar de uma
maneira que somente haja água onde a raiz possa absorver.
Água abaixo da raiz é um desperdício.
• Aplicar mais água no período noturno em solo com pouca capacidade
de armazenamento (em geral, solos arenosos).
Com isso, a água pode percolar durante a noite, fazendo com
que a planta passe por estresse hídrico durante o dia. Sem água
disponível durante o dia, a planta diminuirá sua produtividade.
Velocidade de infiltração de água
no solo:
A infiltração de água no solo é o processo pelo qual esta nele penetra.
Conhecer a velocidade com que isso ocorre é o parâmetro que indica
como a lâmina aplicada, via irrigação, se comporta em relação
ao tempo que a água demora para infiltrar no solo. A partir dessa
informação é feita a escolha dos emissores (vazão), do espaçamento
entre eles e do tempo de funcionamento do sistema de irrigação.
A velocidade de infiltração é influenciada pela textura e estrutura do
solo e variará, para um mesmo solo, dependendo da umidade no
momento de irrigar.
Atenção:
Conhecer a velocidade de infiltração da água, além de ajudar a
determinar o tempo de irrigação, é importante na condução e
definição de técnicas de conservação do solo.
Conheça como é determinada a velocidade de infiltração
da água no solo:
A velocidade de infiltração da água no solo é determinada utilizando
o método do infiltrômetro de anel. O equipamento é composto por
dois anéis que são instalados de forma concêntrica, enterrados no
solo. Seguindo a metodologia específica para esse teste, as leituras
são feitas em uma régua graduada, instalada na parede do anel interno,
e vão sendo anotados o tempo e o abaixamento do nível da
água. A partir desses dados, pode ser determinada a velocidade de
infiltração. O resultado é dado em mm/hora.
Problemas ocasionados pela escassez e pelo excesso de água:
A escassez de água no solo é um dos fatores mais limitantes para
a produtividade e os bons rendimentos, pois prejudica o processo
de liberação e absorção de nutrientes necessários à fotossíntese das
plantas, ocasionando redução na taxa de crescimento e falhas no seu
desenvolvimento.
Se o estresse hídrico acontecer em fases cruciais do ciclo de cultivo,
a queda de produtividade pode ser ainda maior. Em geral, não se
deve ter estresse hídrico na fase de germinação e no estabelecimento
da cultura, muito menos na fase de fl oração (fase de maior
necessidade hídrica).
O excesso de água pode ser tão prejudicial à cultura quanto a falta
dela pois, além de favorecer o apodrecimento das raízes e o tombamento
das plantas, pode provocar o desenvolvimento de doenças e a
lixiviação (lavagem do nutriente no solo), reduzindo a produtividade.
Sistemas localizados bem dimensionados e manejados difi cilmente
provocarão desperdício pela aplicação de água em excesso.
Atenção:
A aplicação de água em excesso pode lixiviar produtos químicos e
contaminar as águas subterrâneas.
Avaliar o sistema de irrigação:
As avaliações dos sistemas são realizadas com a fi nalidade de diagnosticar,
identifi car os componentes que devem ser reparados ou
substituídos e ajustar os volumes de água que se deseja aplicar com
aqueles que realmente estão sendo aplicados pelo equipamento em
funcionamento. Dessa forma, reduz-se o consumo de energia e de
água e os custos de produção são minimizados.
Entenda uniformidade de distribuição de água:
A uniformidade de distribuição de água é um parâmetro utilizado
para defi nir a variabilidade na aplicação de água por um sistema de
irrigação, com o objetivo de diagnosticar a situação de funcionamento
do sistema, como um dos componentes para a determinação de
sua efi ciência e, a partir dessa informação, adequar a lâmina aplicada
e corrigir eventuais falhas.
A uniformidade de distribuição é parte da efi ciência da irrigação.
Assim, quanto maior a uniformidade, menor será a lâmina aplicada
para atender às necessidades da cultura.
Saiba o que é Coefi ciente de Uniformidade de Christiansen (CUC)
É o coefi ciente usado para medir a variabilidade espacial da lâmina
de água aplicada pelo sistema de irrigação.
Um sistema com CUC de 80% significa que aproximadamente 80%
da área receberão uma lâmina maior ou igual à lâmina média
de aplicação.
O cálculo do CUC é dado pela seguinte equação:
Onde:
CUC = Coeficiente de Uniformidade de Christiansen, %;
xi = precipitação obtida no coletor de ordem i, ml;
xm = precipitação média dos coletores, ml; e
n = número de amostras coletadas.
Atenção:
Existem outros coeficientes usados para avaliar a distribuição
de água em um sistema de irrigação, como o CUD (Coeficiente
de Uniformidade de Distribuição) e o CUE (Coeficiente de
Uniformidade Estatístico), sendo o CUC o mais utilizado.
Faça a avaliação do sistema de irrigação localizada:
A avaliação de um sistema de irrigação localizada tem o mesmo princípio
da avaliação de outros sistemas. Consiste na coleta de vazões
ou lâminas aplicadas a fim de determinar a uniformidade de distribuição
de água.
Atenção:
É importante que os produtores tenham informações sobre a
eficiência energética dos seus equipamentos, pois o aumento do
custo de produção está diretamente relacionado aos altos valores
da energia elétrica. Por isso, é importante manter um sistema
com alta eficiência de aplicação de água para garantir menos
horas de bomba trabalhando por dia e, consequentemente,
diminuir a conta de energia.
Este material que servirá para verificar a vazão
na irrigação localizada por gotejamento e por
microaspersão.
• Recipiente plástico;
• Proveta graduada de 300 ml (para gotejamento);
• Proveta graduada de 1.000 ml (para microaspersão);
• Cronômetro; e
• Manômetro de agulha.
Faça a avaliação do sistema de irrigação localizada por gotejamento
Verifique a vazão do sistema:
a) Ligue o sistema de irrigação e espere-o estabilizar na pressão recomendada.
b) Escolha a primeira linha lateral, do meio do setor, e a última.
c) Identifique o primeiro e o último gotejador das linhas laterais selecionadas.
d) Coloque o recipiente plástico abaixo do primeiro gotejador selecionado.
e) Acione o cronômetro imediatamente. Feito isso, espere 120 segundos e desligue.
f) Derrame o volume de água coletado na proveta graduada de 300 ml.
g) Faça a leitura do volume de água coletado e anote.
h) Repita o procedimento para o último gotejador da linha.
i) Repita o teste três vezes e faça as anotações dos volumes coletados.
O volume coletado entre o primeiro e o último gotejador não pode
variar mais do que 20%. Para calcular, utilize a seguinte equação:
Volume 2 = Volume 1 – (Volume 1 x 0,2)
Sendo:
Volume 1 = volume coletado no primeiro gotejador.
Volume 2 = volume mínimo que deve ser coletado no último gotejador.
Se o volume da água coletado no último emissor for maior do que
o volume 2 calculado na equação, então o projeto está funcionando
dentro do esperado.
Atenção:
Se a variação do volume coletado entre o primeiro e o último
gotejador estiver maior do que 20%, o produtor deve buscar por
rachaduras nas mangueiras, vazamentos e entupimento dos
emissores ao longo da linha.
Verifique a pressão do sistema:
a) Ligue o sistema de irrigação e espere-o estabilizar na pressão recomendada.
b) Meça e anote a pressão no cavalete da entrada do setor irrigado.
c) Identifique a última linha do setor
d) Meça e anote a pressão da última linha
Para medir a pressão, faça uma pequena perfuração na mangueira e
insira o manômetro de agulha.
e) Dobre o final de linha acima da perfuração feita pelo manômetro.
Atenção:
A pressão entre o cavalete e a pressão no final da última linha não
pode variar mais do que 10%.
Faça a avaliação do sistema de irrigação localizada por microaspersão.
Verifique a vazão do sistema.
a) Ligue o sistema de irrigação e espere-o estabilizar na pressão recomendada.
b) Escolha a primeira linha lateral, do meio do setor, e a última.
c) Identifique o primeiro e o último microaspersor das linhas laterais selecionadas.
d) Coloque o primeiro microaspersor dentro da proveta graduada de 1.000 ml.
e) Acione o cronômetro imediatamente.
Feito isso, espere 30 segundos e desligue.
f) Retire o microaspersor de dentro na proveta no mesmo momento.
g) Faça a leitura do volume coletado e anote.
h) Repita o procedimento para o último microaspersor da linha.
i) Repita o teste três vezes e faça as anotações dos volumes
coletados.
j) Faça o cálculo da vazão com os volumes coletados.
Atenção:
Se a variação do volume coletado entre o primeiro e o último
microaspersor estiver maior do que 20%, o produtor deve buscar
por rachaduras nas mangueiras, vazamentos e entupimento dos
emissores ao longo da linha.
k) Transforme o volume coletado (ml) em vazão (L/hora)
Aplique a equação:
Vazão (1 hora-1) = Volume coletado (ml)/1000 x 60 / tempo de coleta (s) x 60
Atenção:
Compare a vazão do emissor anotada em campo com a vazão
determinada em catálogo e certifique-se de que o gotejador e/ou
microaspersor esteja trabalhando corretamente.
l) Verifique a pressão do sistema
m) Ligue o sistema de irrigação e espere-o estabilizar na pressão recomendada.
n) Identifique o primeiro microaspersor da primeira linha.
o) Retire o microaspersor do microtubo.
p) Meça e anote a pressão no microtubo com o manômetro de agulha.
q) Recoloque o microaspersor no microtubo.
r) Identifique o último microaspersor e repita o procedimento de medição.
s) Anote o valor.
Atenção:
- A pressão entre o primeiro e o último microaspersor não pode
variar mais do que 10%. - A pressão da última linha deve ser sempre superior ou igual à
pressão de serviço exigida pelo emissor.
Fazer a manutenção do sistema de irrigação localizada:
Sistemas de irrigação mal dimensionados, sem manutenção e em mal estado de conservação, ocasionam desperdício de água e energia e prejudicam a produção agrícola.
Os problemas mais comuns são:
• Sistemas de bombeamento mal dimensionados, que não fornecem a vazão e pressão sufi cientes;
• Entupimento dos emissores;
• Mangueiras rasgadas e deterioradas; e
• Vazamento na tubulação e nos conectores.
A desuniformidade de aplicação de água dos sistemas é atribuída à
falta de manutenção e aos sistemas mal dimensionados. O resultado
dessa desuniformidade é que, enquanto uma parte de área é irrigada
em excesso, em outra ocorre o défi cit de água, não atendendo às
necessidades hídricas das plantas.
A falta de água, em alguns locais da área plantada, pode prejudicar
a liberação de nutrientes necessários à cultura, tendo como consequência
baixa produtividade, grande variação espacial dentro da
área de plantio e aumento dos custos de produção.
Identifique as causas da baixa uniformidade de aplicação de água na irrigação localizada.
A seguir é apresentado os principais problemas, suas causas
e as possíveis soluções para auxiliar na manutenção dos sistemas de
irrigação localizada.
Problema:
Cultura menos desenvolvida ao final da área irrigada.
Possível causa:
Queda de pressão do sistema ao longo da linha de distribuição.
Problema:
Vazão dos emissores menor do que a vazão de catálogo.
Possível causa:
Queda de pressão após o filtro e ao longo do sistema ou entupimento de emissores.
Problema:
Encharcamento por vazamento subterrâneo.
Possível causa:
Rachaduras nas tubulações causadas por estouros devido à alta pressão do sistema.
Faça a manutenção periódica do sistema de irrigação localizada.
Verifique, diariamente, a diferença de pressão entre os manômetros.
A verificação da pressão entre os manômetros deve ser feita antes e depois do filtro.
Atenção:
É necessário fazer a lavagem do filtro sempre que o diferencial exceder 0,6 bar.
Verifique se a água está chegando no final da linha lateral.
Verifique a pressão nos cavaletes.
Faça o teste de vazão uma vez por mês.
Descarregue e lave o sistema.
Atenção:
- Abra as linhas laterais a cada 10 dias para descarga e lavagem
do sistema. - Dependendo da qualidade da água, a frequência de descarga e
lavagem pode ser maior ou menor.
Verifique o entupimento dos emissores.
Injete substâncias químicas para lavagem do sistema entre cada safra.
Faça a limpeza química das tubulações
A limpeza química deve ser feita no final do ciclo de cultivo, antes da entressafra,
para eliminar possíveis obstruções causadas pelo acúmulo de
carbonatos que podem formar crostas dentro das mangueiras.
O tratamento é feito por meio da acidificação da água e o produto
mais utilizado é o Ácido Clorídrico (HCl).
Atenção:
- O cálculo da dose de ácido a ser aplicada na irrigação deve ser
feito em laboratório. É preciso enviar uma amostra da água
para fazer um teste que determina quantos litros de ácido são
necessários em um m³ de água para baixar seu pH para 7,5.
Esse processo é chamado de curva de valorização para ácido. - Com esse dado em mãos, é possível calcular o volume da
preparação de ácido que deve ser injetado no sistema para
desobstruir as tubulações.
Todos os créditos a:
Senar:
Presidente do Conselho Deliberativo
João Martins da Silva Junior
Entidades Integrantes do Conselho Deliberativo
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego – MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA
Ministério da Educação – MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB
Confederação Nacional da Indústria – CNI
Diretor Executivo
Daniel Klüppel Carrara
Diretora de Educação Profissional e Promoção Social
Andréa Barbosa Alves
Referências
AMORIM, J. R. A. de; RESENDE, R. S.; HOLANDA, J. S. de; FERNANDES,
P. D. Qualidade da água na agricultura irrigada. In: Albuquerque, P.
E. P. de; Durães, F. O. M. (Ed.). Uso e manejo de irrigação. Brasília:
Embrapa Informação Tecnológica, 2008. cap. 6, p. 255-316.
BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de irrigação.
8ª ed. Editora UFV, Viçosa-MG, 2006. 625 p.
MANTOVANI, E. C.; BERNARDO, S.; PALARETTI, L. F. Irrigação: princípios
e métodos. Viçosa: UFV, 2006. 318 p.
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